sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Um peregrino entre dois mundos


"mais do que qualquer ser humano ou qualquer outra pessoa tento viver a minha existência evocando um artista… eu… construindo um obra.
Não quero apenas criar, pintar o primitivismo de mulher ou a harmonia ingénua de uma vida selvagem e rudimentar mas, sim essa outra forma de vida da mesma forma que, um artista vê e expressa o seu mundo, mostra o exotismo, a magia, mostra o corpo com ligação à “arte” de ser e viver a fantasia e a ordem.
Gosto, por isso, de imaginar-me percorrendo o caminho abraçado a alguém, indiferente ao reconhecimento dos outros, crítico do meu próprio ser, procurando beleza ao “outro”… Quem são os outros? – um homem, famílias, conjuntos humanos, companheiros de vida… momentânea…

Selvagem no sentido de encontrar a virtude dos demais, de mim própria, enobrecida pelo homem, pela harmonia com a natureza… pretendo agarrar a felicidade.
Sob o rótulo da cultura, também me encontro espiritualmente, mesclada com o público extasiado, entre telas embrulhadas enfeitando os grandes salões de todo o mundo, me encontro, num festival de música, nas tradições de um povo, onde ressaltam sua vivência pictórica de cores coloridas, fortes, tão fortes, tão reais… telúricas… e fico impressionada.
A ordem é inevitável para não fracassar, como se um marinheiro me sentisse e, mesmo viajando… continuamos nos amando: associando o desejo de tranquilidade de um, associado à nostalgia do outro, não podendo ser quebrado pela distância «divorciados sem divórcio» cada um seguindo o seu caminho.
Ergo-me do alto, as casas outrora adormecidas, encontram-se agora envoltas pelo azul do céu, acabei de acordar, as nossas figuras humanas em primeiro plano não perturbam este silêncio.
Aproximo-me, aqui, algo hesitante, não olho indiferente ao mundo da mesma forma que ele, que tu, mas sim para um mundo vivo, sempre em movimento, onde a indiferença não existe.
Contraponho o amor vs. a momento de experiência, ao pormenor estático, à luz trémula, onde a atmosfera do leito onde fizemos amor mantém-se fria, onde aqui o pintar deixa a sua marca à distância.
Inevitavelmente a arte de amar leva-me energicamente a responder a tal provocação que se desenvolveu dentro de mim, continuo a desenvolver a minha crítica própria, estou a ser apenas eu.
O sucesso interior que obtenho em tudo que me entrego, dá-me razão, participando na exposição do dia a dia.

Encontro-me, com olhos de observador, em movimento luminoso, essa sensação é provocada por linhas de cor, muito próximas umas das outras. É como um colorido nervoso, que se estende sobre um motivo pictórico – autêntico momento de criação, dinâmico de mudança, permanente, posso agora entregar-me inteira á vida livre; com vontade, com o carácter que sempre desejei.
Se fosse um quadro, que contornos tomariam este momento, que linha de arte seguiria [momento expressionismo ou impressionismo, ou o meu próprio estilo] seria uma dança com quantas pessoas, uma dança sem ninguém, simplesmente eu; respeitando os valores morais….?
A fuga da civilização do Homem Sem Moral, sem valor leva-nos a refugiarmo-nos, a afastarmo-nos o mais possível daquilo que a ilusão confere ao meu corpo… Uma força misteriosa nos coloca naquele momento, mas qual o efeito de ir mais além, de o viver com ilusão, leva-nos a um enquadramento espacial destabilizador e subvertido.
A superfície de ambos os dois, pelos menos de um não reflecte a realidade, fazemos amor como se trata-se de uma natureza-morta, sem profundidade…. Por uns momentos esqueci-me da minha tarefa e, não cumpri – o equilíbrio – segui a força misteriosa, o efeito de “fazer”, seria bem diferente de o “desejar fazer” os corpos voltaram a estar estáticos, nem monumental se conseguem tornar… que estranha sequência… de sentimentos incompreensíveis.
Encontro-me, agora no sentido da ordenação, os motivos tornam-se agora mais reais fora da ilusão, que me levaram a ti… a que me conduzi… ou conduziste.
A arte oriental não escapa aos meus objectivos, a todo o exotismo que emprego, no que me rodeia… todo ele é delicadeza subtil de arte oriental: o plano de formar algo em conjunto com a forma, todos os seres continuam sempre dentro de mim e me faz seguir lentamente.
O compasso do dia com o sol, expande luz… sempre com a maior luminosidade de amor, do amor… não vivo romances, sou mais divergente… comandada pelo nível artístico demasiado profundo, antes de superficialmente.[1811200815:00]"

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[atravesso o vidro através do som]

Algo excêntrico, alucinador «The official video for Hard Times, taken from the album 'The Bachelor' - released in June 2009. Directed by Ace Norton.»