quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
a pisar o ano... património mundial
doces, saltitantes,
que pisam, elevam o ser de mulher,
albergam pés de lã, delicadeza, doçura
em passos com requinte,
brancos, amarelos... e se forem pretos ou vermelhos,
e se lhe colocarmos... algo de brilho...
levam, transportam... mas não falam,
mas, sentem... misturam-se entre os amontoados de outros sapatos,
outros pés com outras pernas...
que não as que delicadamente me dão vivo prazer,
entre poças de água, areia, erva... a conduzo,
presencio momentos alegres, de prazer... mas não falo...
elegantes, sóbrios... parados à espera...
ponho em movimento,
entre degraus, vontades de ir e não vir
acaricio e sou acariciado, com seus pés...
toco a chuva, toco o mar, toco a estrada
ouço os comentários quando passamos juntos...
vejo, outros nas vitrines,
vejo outras mulheres que desejavam ser elevadas por mim...
adoro fazê-la balançar, sentir-me no meio das suas pernas,
desejando outros sapatos...
voos rasantes, nos dias alegres...
novos andamentos, novos palcos...
novos amores, novos são sempre os meus doces sapatos
estava sentada de costas, debruçada na cadeira, quando dei por mim
a falar com os meus sapatos,
entretanto chegou, dizem, um novo [ano] e já lá vão nove anos...
porque adoro desejar quando os outros já desejaram,
sê doce e lento nas coisas boas dois mil e NOVE, como os sapatos...
sê forte, integro, real...nos momentos de descontentamento...
a festejar com todos, em mim... na cidade berço do nosso Portugal!!!
ALEGRE 2009
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
domingo, 28 de dezembro de 2008
bailarina do ser
percorro as ruas do sentir
estão desertas
porquê percorrê-las
se estão vazias...!!!
vazia(s) de ser
o vento tem asas, asas que trazem e levam,
e continuo…
à espera que o vento faça sentir a brisa em mim
perco-me agora num palco,
sinto a musica que me acompanha,
perco-me nela…
e já vou…
tenho uma bailarina dentro de mim,
que me leva e eleva na dança,
ao nascer do sol,
dançamos juntas,
outrora, éramos três,
lembras-te…
eu pensei ter-me esquecido,
mas o tempo não apaga memórias,
devolve-as ao coração,
o momento do acto com entrega…
quando voltaremos a estar juntos,
teremos outra hipótese, outro momento…
quero dançar contigo,
sentar-me no teu colo,
dar nossas gargalhadas
sermos, nós
continuo a dançar no balanço do silêncio,
conduzida pelo meu ser,
que tanto tem para explodir de amor, de saudade,
raiva de não te sentir,
estás tão perto e longe,
volta, de volta para nós…
rasga, rasgamo-nos um para o outro,
coloco a minhas “sabrinas”,
o palco nos espera,
para podermos,
numa dança contemporânea,
balançar nosso corpo,
flutuar no sentir,
encarnarmos num novo bailado,
encarnar as personagens do passado,
com a maturidade dada pelos ensaios do nosso viver,
desafios fora do palco, desafio ainda maior, neste palco
atrevo-me sempre…
por isso, ainda estou aqui
e, espero “algo” [não espero-te] envolvente, tocante
não fragmentado no momento, no tempo,
com continuidade e energia, vitalidade,
perdurar no tempo, ainda a questão do «tempo»,
eu sei… guardo-me para ti no tempo do que vivemos,
somando o que queremos ainda viver…
quantas músicas ainda estão por dançar?
Hoje é domingo e TU, não estás…
adormecer em ti
decido ir…
esperas-me …
encontramo-nos os dois,
as minhas palpitações estão ao rubro pelas fantasias, tuas e minhas,
espero… ver-te deitado no meu leito…
entregar-te meus braços, apertar-te… contra meu corpo, fechar os olhos,
sentir tua mão deslizar, deslizar pelos meus ombros, até chegar às minhas mãos…
mãos de sentir, tocar… como pincéis delicados a bafejar sopros de cor, tanta cor
a cor do momento, ininterrupto… quero perder o norte… e encontrar-te apenas…
perder-me contigo no deserto das sensações corporais, onde permanecem, nossos olhares…
como te quero,
ainda te quero,
escorres em mim, fecho os olhos, quero sentir-te,
desabrochamos um para o outro, não sabemos quanto vai durar, mas temos a certeza de querer fazer durar, durar… confio em ti…
podemos beijar-nos… sentir nosso sabor por todo o corpo, despimo-nos para nos sentir-mos,
sente-me
quero romper-me contra ti… rompe entre braços e pernas, entre os meus sons, fazemo-nos perder de prazer, intensificamos nossas alterações biológicas, naturais… só com o toque… esse toque que nasceu comigo… rodopio vivo, uma espiral de sentidos, acendem lentamente…
este, fogo que só tu consegues fazer vibrar… esperei para to devolver…
quero adormecer em ti,
apaixonadamente…
Radar_ALTERNATIVA
Façam uivos de amor nos vossos ouvidos, arrepios... SIM, nos meus..., bem no interior com coragem, para gritar, gritar o que lhes vai na alma, para ver com olhos de ser visto, quão aspras são as pessoas, escolham-nas... não entrem em jogos que não sejam aqueles a que se propõem jogar...
ouço a tua voz... que me diz?
neste momento... não a quero ouvir...ouço a RADAR ALTERNATIVA...
excelente ouvido... leva-nos, leva-me a grandes uivos... partilho tudo o que me rodeia...onde têem andado... a onde tenho !não andado! para perder esta coisa boa de verdade... contem-me a vossa experiência...
http://blogradar.blogspot.com/
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Urbanidades_
(Re)construir a minha viagem através de meros instantes, captados num binóculo pelo movimento, retalhado em pequenas partes do fenómeno urbano: habitações, trânsito, contrastes, entre claro e escuro, cheio e vazio… magia, arte… escondida… é a procura incansável de “algo” mais elevado… mais acima…
PORTO
clicar nas imagens
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
domingo, 21 de dezembro de 2008
Arquitecturas...
“O Silêncio de Lorna” e os irmãos Dardenne
«Para que possa abrir o seu próprio negócio, Lorna, uma jovem albanesa que vive na Bélgica, aceita participar de um plano diabólico inventado por Fabio, que orquestrou um matrimônio entre ela e Claudy. O casamento permite que ela obtenha a cidadania belga e logo possa se separar e casar com um mafioso russo. Contudo, para que este isso seja possível, Fabio planejou matar Claudy. Será que Lorna ficará em silêncio?»
Esta é a sinopse do filme, quanto a mim, nada diz, vai tudo além…
Desespero, morrer por um sonho, deixar de ser mulher, viver várias personagens sem nunca ser “ela”, constante conflito… ficar em silêncio, fazer perdurar o segundo sem me ver… já não sei quem sou… correndo sempre o risco de uma overdose, entre o calvário e a redenção (...) diria ainda, diversidade cultural, que tanto se aspira... no lado "feminina" da emigração à espera de uma Europa, num retrato intimista.
Que poderá transmitir “Lorna” aos nossos «homens e mulheres»?
«os irmãos Dardenne se consolidam a cada filme como alguns dos cineastas mais instigantes e importantes da actualidade. Seus filmes abordam questões relevantes, sem levantar bandeiras, mas explicitando a sociedade em que vivemos e os sintomas da insensatez da humanidade» (Por Alysson Oliveira, do Cineweb).
VEJAM!
sábado, 20 de dezembro de 2008
E se eu tivesse nascido neste luga'r
Com a saída à LUZ (nascimento), estimulam o autor interior, em mim, para arremeter a minha “pluma” contra as sombras e artificialidade, vulgaridade e ignorância actual. Descobrir caras ocultas é surpreendente, conjugadas numa nova aventura que, pode ter detalhes geográficos, culturais (como Almeida e Salamanca)… quando a alma não ressaca, é porque não crê, porque não a vê!!!
Mulher de sentir, manifestada na observação, nas letras, nos post’s… pastora de livros e (re) descobrir essências ocultas em seres, em letras, que somente se sublimam diante do olfacto de quem sabe percebê-los(as).
Tua profissão faculta-te para ofereceres algo de inteligência e até algo de educação e respeito, mas por detrás do TONI existe outro, menos dotado que ele, resulta numa simples amostra de erupção vazia… Como seria, se assim não fosse?
ainda o tempo
Conduzida pela mudança “profissional”, que me leva a estar maior parte do tempo… na Torre do Relógio… mediada por um objecto, me leva a um querer sobre a leitura de um espaço, no qual todos os dias me movo e me move, através dele busco ambientes de cultura, pelas suas ruas rectilíneas abertas no tecido medieval, sem palácios, com construções humildes acariciadas pelas suas gentes, marcadas(os) pelo carácter religioso, que lado a lado, marcam o compasso de todos os sons, ritmos…
É esta cultura que desconhecem, que no agora se defronta com o território do novo mundo… um território rural emancipado, onde não encontra semelhanças com nenhum outro território… conformado pelos romanos, conquistadores e invasores espanhóis e franceses, outros haverá… reflectiram, porém, reflectem a lonjura dos tempos, a novidade… incorporada no nosso olhar.
Que vêem, que sentem, que imaginam ao olhar?
Da experiência urbanística, muito se reflecte, entre pequenos e menos pequenos arquitectos, historiadores, engenheiros de qualquer coisa… sociólogos, nas várias atmosferas do saber… mas, a experiência individual com o meu olhar se amplia, despida de grandes ciências, como um Ser, avanço na perspectiva do sentido da criação que suas gentes, monumentos, construções humildes, me levam ao “experimento” daqueles que o construíram antes de mim. Como senti-los?
Porquê, ver os edifícios e chafarizes, apenas, dispostos como produto da organização mental do homem da sua época… quero ir mais além do edifício, da espacialidade, da transformação como objectos móveis onde operam as grandes transformações…
O chafariz reflectido na paisagem é de humilde criação, de estranha beleza, explode em todos os seus cantos… é o palácio deste centro … Caminia … relaciona a vila, seus habitantes, forasteiros e peregrinos, simples passantes, (des) comprometidos turistas – à contemplação e a admiração… do centro de passagem, configura a paisagem como um elemento de destaque… um meio ao ritmo serial imposto pelo novo tempo – o agora – mas não está sozinho!
Caír no tempo...
Nessa espera, é possível que o Ser repita a experiência para poder absorvê-la com a devida segurança.
Então se dará o aparente salto qualitativo, que na verdade representa uma transição lenta. O exemplo do relógio esclarece melhor este problema: quando as pancadas de uma determinada hora soam no relógio, surpreendendo-nos, isso acontece porque os ponteiros já fizeram o percurso de 60 minutos para bater a hora surpreendente…
Cair no tempo é sair da espera e entrar na temporalidade para realizar-se a si mesmo.
A sexualidade é a condição que deve concretizar no tempo histórico o poder criador do homem e da mulher, na conjugação efectiva dos elementos biológicos, sob a regência do Amor. O sexo é o instrumento dessa realização genética que exige do casal humano a doação total dos poderes espirituais e corporais nele concentrados, no acto da criação. Como me parece mesquinha a concepção vulgar do sexo como mecanismo animal de natureza inferior! A mecânica sexual do gozo pelo gozo é um aviltamento da função genésica, cuja finalidade última é a encarnação do Ser, primeiro passo da ontogênese terrena.
Nos “casais” evoluídos o acto sexual não se reduz ao prazer sensorial. Este é apenas a chispa do fogo vital que desencadeia todo o processo da criação humana. A mulher acolhe o homem em seu corpo e em sua alma sem a inútil agitação animalesca, e o homem a envolve no seu poder fecundante com a naturalidade e o êxtase do Sol a envolver a Terra para fecundá-la. Só a mesquinhez do vulgo, do vulgar homem incapaz de compreender a grandeza de um acto criador poderia ter feito, disso, motivo de escândalo, malícia e pecado, acrescentando, a vulgaridade com que algumas mulheres o “fazem”…
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
A arte de surpreender
É uma terceira criação, uma obra do pensamento, que não indica o tempo dos astros nem o da terra. Ele tem o dom do tempo abstracto, intelectual. Não de um tempo que se oferece com a luz do sol e dos elementos, mas de um tempo que se oferece como a luz do sol e dos elementos, mas de um tempo que o homem constrói e assume. (Ernest Jünger, Das Sanduhrbuch, 1954)»
Para ilustrar a temporalidade descrita, escolhi o Astrarium de Giovanni Dondi, construído entre 1365 e 1380, não é um simples relógio - ele reproduz o movimento dos planetas no cosmo, o calendário com o nome dos santos e tem um quadrante que permite prever os eclipses… belos tempos de cientistas, astrólogos… engenheiros do tempo… hoje obras de arte surpreendentes – que marcaram o tempo em diversas praças dispersas pelo mundo.
Qual a sincronização temporal das acções humanas, em todas as suas vivências?
Não sabemos, os objectos falam de si, no Museu Internacional de Relojoaria, de La-Chaux-de-Fonds…. alguns encontram-se bem perto de nós marcando o nosso ritmo!!!
Um peregrino entre dois mundos
Não quero apenas criar, pintar o primitivismo de mulher ou a harmonia ingénua de uma vida selvagem e rudimentar mas, sim essa outra forma de vida da mesma forma que, um artista vê e expressa o seu mundo, mostra o exotismo, a magia, mostra o corpo com ligação à “arte” de ser e viver a fantasia e a ordem.
Gosto, por isso, de imaginar-me percorrendo o caminho abraçado a alguém, indiferente ao reconhecimento dos outros, crítico do meu próprio ser, procurando beleza ao “outro”… Quem são os outros? – um homem, famílias, conjuntos humanos, companheiros de vida… momentânea…
Selvagem no sentido de encontrar a virtude dos demais, de mim própria, enobrecida pelo homem, pela harmonia com a natureza… pretendo agarrar a felicidade.
Sob o rótulo da cultura, também me encontro espiritualmente, mesclada com o público extasiado, entre telas embrulhadas enfeitando os grandes salões de todo o mundo, me encontro, num festival de música, nas tradições de um povo, onde ressaltam sua vivência pictórica de cores coloridas, fortes, tão fortes, tão reais… telúricas… e fico impressionada.
A ordem é inevitável para não fracassar, como se um marinheiro me sentisse e, mesmo viajando… continuamos nos amando: associando o desejo de tranquilidade de um, associado à nostalgia do outro, não podendo ser quebrado pela distância «divorciados sem divórcio» cada um seguindo o seu caminho.
Ergo-me do alto, as casas outrora adormecidas, encontram-se agora envoltas pelo azul do céu, acabei de acordar, as nossas figuras humanas em primeiro plano não perturbam este silêncio.
Aproximo-me, aqui, algo hesitante, não olho indiferente ao mundo da mesma forma que ele, que tu, mas sim para um mundo vivo, sempre em movimento, onde a indiferença não existe.
Contraponho o amor vs. a momento de experiência, ao pormenor estático, à luz trémula, onde a atmosfera do leito onde fizemos amor mantém-se fria, onde aqui o pintar deixa a sua marca à distância.
Inevitavelmente a arte de amar leva-me energicamente a responder a tal provocação que se desenvolveu dentro de mim, continuo a desenvolver a minha crítica própria, estou a ser apenas eu.
O sucesso interior que obtenho em tudo que me entrego, dá-me razão, participando na exposição do dia a dia.
Encontro-me, com olhos de observador, em movimento luminoso, essa sensação é provocada por linhas de cor, muito próximas umas das outras. É como um colorido nervoso, que se estende sobre um motivo pictórico – autêntico momento de criação, dinâmico de mudança, permanente, posso agora entregar-me inteira á vida livre; com vontade, com o carácter que sempre desejei.
Se fosse um quadro, que contornos tomariam este momento, que linha de arte seguiria [momento expressionismo ou impressionismo, ou o meu próprio estilo] seria uma dança com quantas pessoas, uma dança sem ninguém, simplesmente eu; respeitando os valores morais….?
A fuga da civilização do Homem Sem Moral, sem valor leva-nos a refugiarmo-nos, a afastarmo-nos o mais possível daquilo que a ilusão confere ao meu corpo… Uma força misteriosa nos coloca naquele momento, mas qual o efeito de ir mais além, de o viver com ilusão, leva-nos a um enquadramento espacial destabilizador e subvertido.
A superfície de ambos os dois, pelos menos de um não reflecte a realidade, fazemos amor como se trata-se de uma natureza-morta, sem profundidade…. Por uns momentos esqueci-me da minha tarefa e, não cumpri – o equilíbrio – segui a força misteriosa, o efeito de “fazer”, seria bem diferente de o “desejar fazer” os corpos voltaram a estar estáticos, nem monumental se conseguem tornar… que estranha sequência… de sentimentos incompreensíveis.
Encontro-me, agora no sentido da ordenação, os motivos tornam-se agora mais reais fora da ilusão, que me levaram a ti… a que me conduzi… ou conduziste.
A arte oriental não escapa aos meus objectivos, a todo o exotismo que emprego, no que me rodeia… todo ele é delicadeza subtil de arte oriental: o plano de formar algo em conjunto com a forma, todos os seres continuam sempre dentro de mim e me faz seguir lentamente.
O compasso do dia com o sol, expande luz… sempre com a maior luminosidade de amor, do amor… não vivo romances, sou mais divergente… comandada pelo nível artístico demasiado profundo, antes de superficialmente.[1811200815:00]"