sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Nas tuas costas II
Derramo o menino que existe em mim,
sobreponho vontades, ilusões sem confirmações,
saídas de um turbilhão,
ensaios por desvendar,
Nas tuas costas,
Derramo-me abraçado a ti
trespasso neste segundo tudo para dentro de ti,
tocar o teu calor, adulado e admirado,
sentir a tua sensatez, seres tu dentro de mim,
fera vil,
um livro de ir para longe, libelinha
recordações de infância, prazeres mundanos
asas cor de esmeralda, imaginar vermelho paixão e rosal,
âmbares, safiras… provocantes e perigosas cobrem tuas costas.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Deixa-me ouvir o que não ouço
Não é a brisa ou o arvoredo;
É outra coisa intercalada...
É qualquer coisa que não posso
Ouvir senão em segredo,
E que talvez não seja nada...
Deixa me ouvir... Não fales alto!
Um momento... Depois o amor,
Se quiseres...Agora cala!
Ténue, longínquo sobressalto
Que substitui a dor,
Que inquieta e embala...
O quê? Só a brisa entre a folhagem?
Talvez... Só um canto pressentido?
Não sei, mas custa amar depois...
Sim, torna em mim, e a paisagem
E a verdadeira brisa, ruído...
Vejo te, somos dois..."
[Fernando Pessoa]
Hoje sinto-me pessoa como Fernando Pessoa descreve em sua poesia, mas não encontro uma só poesia para descrever-vos como me sinto HOJE. Estão quase a ser 12:30 da noite dentro, vou assistir às "Noite da 2"... cinema e companhia à minha altura com um bocadinho de constipação... "O Amante"/L'amant/The Lover (1992)... para nós.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
a Mulher [Graça Morais]
Imagem > www.gracamorais.blogspot.com
Desenhos de rostos,
Do interior da terra escondida
Marcam a intensidade humana,
A dureza nas suas mãos,
Vergadas ao sol
Tendem a desaparecer,
Todas Marias, elevam o traço no desenho
Mulheres efémeras,
Em desaparecimento
Ignoramos o seu olhar
Representam a mulher desaparecida no séc. XXI
Com entrada para a arte
Entre gritos, cores, símbolos
Sobreposições de posturas,
Sobreposições de desenhos
Sentires, pulsares
Explodem na tela em confronto árduo entre actor e autor, ser mulher, mãe, avó (...)
Uma família, um campo duas estações
Palavras não ditam: Silêncios
Terra quente no fim do milénio,
Para onde vão estes rostos,
Quando desaparecer
Esta mulher…
[Centro de Arte Contemporânea Graça Morais-bragança entre rostos e espaço arquitectónico, com tónica em cheio/vazio, de interior/exterior, as vistas, a luz, a dinâmica dos espaços]
domingo, 15 de fevereiro de 2009
O TEMpo - Tertúlia Vitual
domingo, 8 de fevereiro de 2009
obra SÓ de interrogações... mais uma CADEIRA
sábado, 7 de fevereiro de 2009
UMA CADEIRA COM BRAÇOS À JANELA
Vertentes, rodopiam, entre vestes azuis, como de ninguém, são palpitações assombradas, prelúdios escandalosos numa noite fria. Afagam a vetusta mulher ali sentada à janela, sem ninguém para olhar, passam ovelhas brancas e pretas sem reivindicar sua corrida diária, entre os mesmos muros, pisando o mesmo chão, atitudes, ali plantadas de nada servem senão, reféns de um dia estremecido num espaço vazio.
Quadrados nunca se tornaram triângulos.
Mentiras através de um compasso, latas vazias, outras por abrir, desejos anónimos confrontam seus fiéis – depositantes – em tanto pendor. Ingredientes para a mudança, surgem, numa nova curta metragem de dez minutos, ou serão, doze minutos… no intervalo surgirão novas personagens, com nobres objectos, novos adornos periféricos que fazem pensar que existe mais “alguém” para além da imagem ficcionada, reflectida no espelho durante as filmagens. Atrás da mulher sentada à janela contínua ao seu lado a velha cadeira de braços, vazia de palavras, cansada de viver e não poder deixar de ser essa cadeira que todos vêem, mas não se sentam.
Num olhar atento – desabotoo o meu botão acima do umbigo e continuo a olhar a paisagem da minha janela surreal.